19/01/2005

Daí eu abro a janela do meu castelo e toco uma mensagem de amor para a cidade. Se eu estico o pescoço e olho pra esquerda, são as torres da paulista que mandam piscadas e me remetem à caipirice da infância, em que vinha pra cidade do meu castelo e não queria dormir enquanto não houvesse contado todos os triângulos vermelhos luminosos em cima dos edifícios. O barulho baixinho do trânsito no longínquo térreo me acalmava.
No dia 11 de janeiro de 1994 eu posicionei a poltrona perto da janela num edifício da Rua Altino Arantes. Sentia o gelado do copo na mão e ouvia Marisa Monte cantar, enquanto eu pensava que a minha futura mulher poderia estar ouvindo música em alguma dentre aquela miríade de casas. Eu olhava para o bairro onde então morava a minha atual mulher.
Eu quero passar o resto da vida descobrindo detalhes na minha mulher.
Eu quero entender o mundo. Tirar parafuso por parafuso, pô-los no bolso da camisa pra não perder no chão, enxergar as ligações, identificar os transistores, se eles ainda existirem, bater um ar, que trocar as peças fica muito caro e reparafusar.
Eu quero tocar uma música para missM, golb, jurubeba, glaura, los, dani, arnoldo, e clarice, no fim de semana, de madrugada, na casa da praia, na beira da piscina, depois da pizza. Uma mensagem de amor.
Eu quero pitar um cigarrinho de palha e, disfarçando a única adversativa do post (quase que esse foi sem nenhuminha), digo que eles emboloraram todos. Agora vou tocar pela última vez uma mensagem de amor, vou dar boa noite às torres da paulista e vou dormir, pra amanhã cedo resmungar pela sina de brincar de advogar.

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