20/03/2005

Outono. Celebro a inauguração de minha estação predileta. Penso longamente antes de decretar: se eu não for íntegro, eu não sou, intransitivamente. Apesar das pequenas e inevitáveis canalhices cotidianas, tenho a fome da idéia maior de integridade. Há fatos que não me servem, malgrado sejam escolhidos por tantos. Cubro-me, então, de perturbador silêncio, tradutor do meu sincero e nu pedido de desculpas, que brado do alto desta torre bolorenta. Quando os trezentos e quarenta e sete mil sinos badalam, eu digo mudamente que não posso me desviar. Sob pena de minha morte. Busco a decisão se é mantra ou compulsão a insana repetição dessas palavras vãs. A partir delas, porém, é que me permito descer os degraus todos desta torre, lacrando com taramelas cada mísera janela, até atingir a grama de uma Espanha medieval, pois lá (aqui) deve ter começado a mais recente primavera.

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