06/07/2005

Sete da noite. Pelejão...

Toca o telefone e dessa vez não teve negociação, quem atende é a Jurubeba, porque eu estava preparando o petit gateau que levaremos pra degustação de amanhã:
- Golb, é da Credicard.
(inexplicavelmente, ao contrário das pessoas normais, eu não tenho ódio mortal dos atendentes de telemarketing, embora entenda perfeitamente o sentimento da maioria)
- Aaaaalô.
- Sr. Golb, boa noite. Meu nome é Ramon e vejo que o senhor é nosso cliente há vinte e três meses. Nós estamos selecionando alguns clientes para oferecer um novo título de capitalização, que é uma forma inteligente de investimento, o senhor conhece?
- Conheço e não tenho interesse, Renan.
- Ramon.
- Então, Ramon, não tenho interesse mesmo.
- Mas o senhor sabe que poderá resgatar todo o valor investido corrigido, depois de dois anos?
- Eu sei. Mas não preciso mesmo.
- Esse novo título de capitalização é na verdade um investimento seguro e o senhor est...
- Ramon.
- Pois não, sr.?
- Se você quiser continuar falando, tudo bem, eu escuto. Mas estou avisando que já sei minha resposta: é não. Você vai falar, falar, falar e no final não vai conseguir me convencer. De verdade, não tenho interesse...
- Sr. Golb o que o senhor faria com um milhão de reais?
- Err... hum... (juro, gente, foram tantos os pensamentos que acabei não respondendo nada)
- Então, sr. Golb, imagine só... UM MILHÃO DE REAIS.
- Ramon, sério mesmo, eu não quero esse título de capitalização, você está perdendo o seu tempo.
(ele insistiu mais um pouco, eu deixei claro que sabia exatamente que estava perdendo uma "excelente oportunidade de investimento" e, em seguida, tentei pôr em prática a estratégia de um e-mail que recebi, dizendo que ia transferir a ligação pro departamento financeiro, no caso a minha esposa. Mas a Jurubeba ficou muda, com o telefone estendido em minha direção. E eu tive que falar de novo com o Ramon)
- Mas, sr. Golb, o que o senhor faz?
- Olha, no momento eu faço um petit gateau.
- Hein?
- Um petit gateau. Bolinho morno de chocolate.
- Eu conheço petit gateau, sr. Golb. Adoro, é muito bom, não é?
- Isso porque você não provou o melhor. O meu.
- Ah, sr. Golb, eu adoraria provar.
- Do jeito que você é insistente, nem pensar.
- (risinhos sem-graça) Éééé... boa noite, sr. Golb.

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