06/09/2005

Ah, ainda não passaram a quizumba, a arrelia, o frege-moscas, o forfé causadores do post frase de gosto duvidoso e nem tão boa eficácia. Desculpa, causídica.
É que ao completar trinta anos dei-me o direito a ficar bravo com as coisas e pessoas pra depois desembravecer com calma.
Mas mudarei de estilo. Vamos ver como é que fica.
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Eu sou um pequeno burguês. Mário odiar-me-ia, apesar de eu amar a sua poesia.
Justo eu, que ainda não entrei no teatro municipal, justo eu, que tananã seu livro da tananã do tananã, mas prescreveu.
Retidão, Madureira, retidão! Esforço, vamos!
Na qualidade de pequeno burguês, tenho medo de dizer toda a verdade, que pudesse me prejudicar e abalar meu status quo.
Sou um pequeno burguês e como tal tenho um pensamento quadrado, quando muito eqüilátero, minhas idéias são mediatrizes, sou sistemático e creio no empirismo, ó phhai! (Madureira, olha a linha!)
Ando no limite da lei e da ordem. Não piso na grama e não fumo, pois me faz mal.
Cartesiano ao mexer o café e ao atravessar a rua, minha meta é o Parnaso, embora me gostem as telenovelas, mediante as quais sonho.
Amo a razão e cortes clássicos nos meus ternos e gravatas com eles combinadas.
Meus cabelos, ainda que poucos, são cuidadosamente penteados.
Jamais deixaria minha rala barba por fazer. Aparo-a, diária e meticulosamente, pois.
Respeito os valores da família, da propriedade e, sobretudo, da tradição.
Cultuo as normas de conduta e as samambaias.
Não suporto esse barulho que chamam de música roque.
Minhas preocupações atuais situam-se na melhor aplicação para o pouco dinheiro que aufiro de meu trabalho burocrático, para quiçá me seja devolvido quando da aposentadoria, ocasião em que lerei bons livros aos quais ora me falta tempo, aperfeiçoarei meu xadrez e aprenderei gamão.
Enfim, melhor retificar-me. Mário odiar-me-ia e, corolário, não posso gostar de sua poesia.
Agora prematuramente deixo-vos, pois acaba de me atacar a azia.

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