Jano Alcântara era o último expurgo da costa marítima, ladeava o vão e impingia o fim, lá na bica, tentava voltear buscando palavras, colhia toda a troça que faziam dele e ia lá com calma aparente e nervoso furor, volteado na lagoa de um dia cinzento e frio típico de São Paulo, zumbia ia indo no canto e só, buscava o que tinha de bom pra tirar e aí soltava, eu até me ia querer rir de uma piada qualquer, no meio de tanto gente iam me segurar, se você não tem a postura que a vida te pede. Postura, levante bem a cabeça, faça uma cara, grite, você está aí todo encouraçado e não admite mesmo, seu babaca, seu inútil, sua putana. Assim, pensava, Jano, tudo que eu for fazer eu preciso de uma postura, de um grito, de uma voz. De modo que quando eu for mandar um e-mail, ele precisa ter tudo isso. Mas como?
Então ele estava só em casa e precisa dar uma volta. Não conhecia nenhum bar por perto e eram 11h14, não conhecia nenhum bar e estava ficando de saco cheio de padarias. Padarias detestáveis padarias cheias de pãos e de bolos, que eu detesto porque me lembra aniversário e eu odeio aniversário e eu queria mesmo era ser o thomas bernadt. Nem sei se escreve assim e não estou com saco de ir lá ver. Muito menos pra ficar escrevendo. Bom domingo.
Mandou uns e-mails e foi morrer mais um pouco na rua, morrer mais um pouco e invejar cachorros, invejar livres viadutos, invejar livres pistas e chuvinhas estúpidas e pessoas igualmente e comidas e tristezas e prazeres desconhecidos e morrer mais um pouquinho porque temos culpa? um pouquinho. FIM
02/10/2005
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