14/03/2006

Natália,

Quando vc nasceu existia uma coisa chamada blog, onde seus pais, eu, a tia paulinha e o tio mané escrevíamos uns textos chamados posts. Isso tudo na Internet. Sim, Internet. Eu me sinto falando como meu avô avisa: “vou ver o jornal falado pelo aparelho televisor”, mas tudo bem, explicar o que é televisor, ou televisão, deve estar sendo mais difícil ainda. O que importa é te dizer que publiquei esse texto no nosso blog.
A gente punha nome nos nossos carros e casas. Por pouco vc não pega o Pelejão, que era o lugar mais divertido de São Paulo. Quando eu e a tia Alê visitávamos seus pais, eles colocavam vassouras atrás da porta pra gente ir embora logo, mas era irresistível ficar lá mais um pouquinho. Quando a gente fazia menção de ir embora, sua mãe levantava rápido: - Mais um cafezinho! – Mais outro! No terceiro cafezinho, seu pai vestia o pijama e bocejava estirado no sofá.
Sua mãe tinha um Gol, da marca Volkswagen (ou isso será grego, ou estarei fazendo papel de bobo, mas vc não pode rir da cara do tio Nelsinho!), e esse Gol chamava-se Negão. Sua mãe me dava carona até a faculdade onde dávamos aula. Seu pai começou a dar aulas lá há um mês e pouquinho. Sua mãe era a professora mais querida da faculdade. Aliás, todos os alunos têm me cercado esses últimos dias perguntando se vc já nasceu. Logo mais à noite eu darei a tão esperada e boa notícia.
Um dia eu fui levar um documento ao seu pai no Pelejão e lá estavam o seu avô (que eu chamo de Seo Dias) e sua avó Andréa, além do seu tio Marcelo e seu primo Antônio. Todos estavam com cara de maravilhados e eu não tinha percebido. Daí eu falei: e aí, todos estão contentes? Eles em uníssono: - Ô, se estamos! Eu estava me referindo à vitória do Corinthians sobre o Palmeiras, daquele dia, mas o teu avô avisou que havia acontecido uma vitória muito maior. De dez a zero. Como eu não entendia nada, sua mãe pediu pro Antônio contar o que havia dentro da barriga dela (eu demorei mais alguns segundos pra entender, acredite). Eles estavam comemorando a notícia do seu nascimento! Aquela emoção tão grande perdurou os últimos nove meses, em que você foi o nosso assunto principal e ontem, às seis e nove da tarde, tornou-se ainda maior!
O Seo Artur (que eu chamo de melhor ser humano que existe) e a Dona Assunta estão vindo de São Bento do Sul com a tia Alci pra te encher de beijos e carinhos também.
Seu pai cantava Karnak pra te ninar ainda na barriga, uma música estranhíssima, mas tua mãe confirmou que vc adorava, pois dava pulinhos e se virava pra perto dele.
Dava pra contar um livro, de como eram as coisas no tempo da tua gestação, mas infelizmente eu tenho que ir agora. Não tem problema, porque a gente vai te falando tudo no decorrer da tua vida, que veio pra alegrar a de todos nós, amigos dessa família linda que você tem.
Eu ainda não te vi; provavelmente eu vá com a tia Alê na maternidade amanhã, mas considera esse post (lembra? Post! Blog!) como um desejo de muitas felicidades na tua vida toda e também o meu primeiro beijinho pra vc.
Bem vinda!
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Instruções:
Vamos tomar um vinhão pra comemorar.
Vamos imprimir esse texto e guardar dentro da garrafa do vinhão.
Quando a Natália fizer vinte anos, a gente dá risada do tempo que passou. Topam?

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