06/07/2006

Márcia: quando tu me disseste,
sacudida, sorridente,
"Apanha, vovô, uma manga do céu, para mim",
eu vi profundo nos teus olhos.
A manga do céu que me pediste,
tu a vias no alto, no galho de árvore,
pendente,
como se fôsse pingar do azul do céu, claro e silente.
Querias a manga do céu. Tu a terás.
O céu existe. Eu não sei como é. Nem tu sabes.
Nem o Homem de Hoje.
Mas pensar a sentir furam séculos e milênios,
a ver, a prever e a subir.
Nós somos a História de uma longa Ascensão.
Tu terás a manga do céu.
Eu não sei se te trarei. Eu não sei quem te trará.
Tu terás a manga do céu.
Tu a terás irradiando da tua bondade.
Eu tinha dez anos, a dúvida me veio,
sentado sob a imensa mangueira,
quanto a tudo que eu via.
Nunca depois neguei, nem afirmei,
sem poder mostrar o que eu dizia.
Fechar a Janela

Como tu, em que me vejo,
sempre esperei para mim, para todos,
que as mangas do céu caíssem sobre a Terra.
Se a minha vontade, o meu desejo de servir-te,
flor de ternura que tu és,
a intensidade de pensar, de pensar e de sentir
com que tanto colher a manga que tu queres,
bastar,
tu a terás, algum dia, a que eu te possa dar.
Levante as mãos! Abre as mãos!
É tua!

(o avô da Márcia chama-se Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda)

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