11/09/2006

Tem um negócio

que eu não sei explicar direito o que é, é intangível, inefável, indescritível. Eu vou fazer com que meu raciocínio incida sobre esse negócio daqui pra frente e um dia vou conseguir decifrar um pouco. Nunca totalmente. É um negócio que vem de séculos, mas o que importa pra gente é de décadas pra cá. Os pais dão aos filhos mais que a vida, dão também esse negocinho. Eu estava às três da manhã depois do filme conversando amenidades com meu pai no último sábado. E senti mais um pouquinho desse negócio. Porque na verdade não tem fim. Não finda ao atingirmos a maioridade, ou terminarmos a faculdade, ou contrairmos o matrimônio. Esse negocinho é igual desde a época das lutinhas de kickboxe no sofá, no mesmo sofá em que sorvemos nosso chá. É uma seiva, um substrato, um alimento invisível, intocável, inexpugnável. Mas está ali, pra quem quiser perceber. E o seu arthur (o melhor ser humano do mundo) a dona assunta, o mr. days, a dona andrays, o seu siddhapai e a dona siddhamãe, o seu danifishapai e a carmelleira, o dr. bisturelo e a dona bisturela, mr. ferreirinha e seus inesquecíveis cigarros de cravo e a dona ferreirinha, também transmitiram. É o mesmo negocinho que eu sei que a danifisha dá pro joão e que eu sinto sair do golb e da juruba pra jurugolbinha, quando lhe dão banana amassada na petiscaria chique, por exemplo. É como se por um instante a petiscaria chique, a minha sala, os lugares todos deixassem de existir. É a vida fluindo. Ali naquela madrugada, mexendo o chá, ouvindo as teorias todas, a preocupação e o carinho, eu me vi um dia transmitindo a um futuro madureirinha esse mesmo negocinho que recebi de meus pais. Na falta de uma definição mais exata, que talvez não seja outra senão justamente esta, eu dou a esse negocinho o nome de amor.

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