01/02/2007

Esse post aconteceu ali no farolzinho (sou paulista, poha!) da domingos de morais com a lins de vasconcelos.
Janelona totalmente aberta, papo de craque no último volume, pensamento adiante das montanhas, entediado. Veio o vendedor de suportes pra latinhas de cerveja. Fez uma reverência iluminista ao instalar um dos suportes no vãozinho do vidro aberto. Mirou como se houvesse acabado de finalizar uma obra de arte.
Olhou pra mim buscando cumplicidade:
- Este é bom (ênfase no este, como que excluindo todos os demais suportes pra latinhas acaso existentes, logicamente de qualidade muito inferior).
- Obrigado, eu não quero.
Ele, esticando o beiço na direção da minha aliança:
- Vc nunca pediu pra ela segurar a latinha?
Eu não sei exatamente qual foi a tática subliminar usada pra eu ter me sentido bem. Olhei pra ele rindo e insisti:
- Obrigado, eu não quero mesmo.
Nisso, escondeu todos os suportes pra latinha, deu toquinhos do seo artur no meu braço, me avisando que a relação comercial acabara ali. A partir daquele ponto, seria só bate-papo.
Como se estivesse se esforçando pra me deixar à vontade, e como se eu precisasse disso, assegurou que não tinha problema algum eu não querer o suporte pra latinhas de cerveja. Perguntou, então, profundamente intrigado, como se fosse uma maneira de agradecer pela risada à toa:
- Poxa, porque será que as pessoas são tão (muita ênfase nesse tão) mal-humoradas, meu Deus?! A gente chega perto, vão fechando o vidro na cara, olham feio. Custa tratar as pessoas assim (e apontou pra mim)?
Respondi sem pensar:
- Mal-humorados morrem cedo (assustado com minha própria resposta).
Ele olhou pros veículos de trás. Voltou-se pra mim, sério e balançou a cabeça que sim, como que grato por um segredo.
Mandou sinal de jóia.
Mandei sinal de tchau e segui.
***
ok, tenho consciência que não consegui retratar direito o que aconteceu. mesmo assim, fica o post.

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