14/07/2007

(updated) Como é que funciona por dentro?

Mais ou menos assim: alguém te faz um convite irrecusável. Vc dá uma titubeada, pensa no trabalho que isso vai dar, pensa nas possíveis portas que isso vai te abrir, pensa na satisfação que isso vai te causar, pensa no tempo que vc vai ter que despender, pensa na quantidade descomunal de coisas que vc abraçou pra fazer, e também de coisas que exigiram o teu abraço como se mediante um tresoitão no meio da testa e, no final de um segundo e meio, vc aceita o convite; afinal, é irrecusável.

Os primeiros dias passam enquanto vc planeja tudo mentalmente, estabelece estruturas, reconhece bons caminhos, abastece-se do material necessário para o empreendimento. Feliz, porque há muito tempo.

Passadas as primeiras semanas, vc já está se preparando para começar, lendo todo o material coletado, traçando os primeiros esboços que, por ter tempo suficiente, dão-lhe a gostosa sensação de que tudo se encaminha.

Chegadas as últimas semanas, vc começa a se aborrecer, porque deu poucos passos além dos esboços. Vc abre a página e percebe que aquele início de frase te irrita mais que o seu time perder o clássico. Já estava na hora de vc visualizar uns fortes digimons, mas o que vc fez ainda não passou de pequenos poquemons piolhentos.

Na última semana vc começa a se neurotizar, porque todos os prazos que vc estabelecera foram cabalmente descumpridos, aquele produto que vc faria maravilhosamente chegará no máximo à antiga nota B+. Nervoso, vc começa a arrumar a bancada, a deletar os e-mails, a separar as roupas do closet, aguar as plantas, despedir-se temporariamente dos amigos do blog, na tentativa de acalmar-se.

No penúltimo dia, vc já não tem mais o que fazer, terá de simplesmente sentar e terminar, nem que isso te consuma um dia, uma noite e a primeira metade do outro dia. Aí vc escreve seus sentimentos num post, publica, respira fundo e...

***

... escreve as 20 laudas sem parar, pra entregar no prazo. Sensação de barata tonta, deve ser a falta do sono.