02/03/2008

Quando o evento é bom eu acordo sem despertador. Daqui a pouco eu vou tomar café da manhã de comemoração. Vou a um prédio de cuja frente nós passávamos toda madrugada em que acaso estivéssemos embriagados, e então berrávamos: bisturiiiiiiiiiiiiiiiiiiii. Nunca vieram longas tranças jogadas pela janela, nem beijos mandados lá do alto. Por outro alto, também não veio balde d'água algum, nem tiros de espingardinha de sal, com o que, convenhamos, talvez estivesse satisfeito o princípio da proporcionalidade. Fazíamos pelo prazer da tradição e para, no dia seguinte, nossas caras amassadas de sono conversassem na aula: ah, eu ouvi vcs berrarem ontem à noite; eba, é que ontem fomos ao mack fil (?) e depois fomos jogar pôquer na casa do Luciano.
Vou tomar café da manhã na casa dos pais do único bisturi do planeta que é amarelo, pertinho do mackenzie, a meio caminho da nossa então república.
Acordei sem despertador.
Passei meia faculdade sem conhecer direito aquela menina brava que desde sempre disse a que veio. Se um dia eu fizer uma bobagem tamanha a ponto de ser tipificada no código penal (bate na madeira), eu vou confiar é naquela menina capaz de enfiar o pé no vão da porta pra impedir os desmandos de um professor autoritário, enquanto o resto da classe ficávamos quietinhos em nossas cadeiras.
Dia desses nós dois lembrávamos da nossa pasta de processo penal, cumprida no 4º DP, na Consolação. Agradeci aos céus por me fazer acompanhar daquela surfista, no local que, definitivamente, jamais seria a minha praia. Lembro bem que ali tive um insight, confirmado toda vez que, feliz, passo na estados unidos, na frente do prédio bonito e me dá vontade de erguer a plaquinha do eu já sabia (ai que raiva do kassab, eu gosto de ver o seu nome na placa [ou não foi o kassab? tomara que estejam só reformando]).
Mas a melhor face da bisturi é outra. É a serena, alegre, animada e, às vezes, non sense (quem, em são sense, se autodenominaria como um instrumento cirúrgico da cor do sol de Toquinho?) . Essa face foi finalmente conhecida nA Viagem. Não aquela, em que o (momento trash mode on) Alexandre vinha do umbral atormentar o mauricio mattar e a cristiane torloni (momento trash mode off). Digo o passeio legal pro pantanal, que resultou na Natália, por exemplo, e no estreitamento da amizade de todos. Quem não se lembra do MM vaticinando: bisturi, esta é jurubeba, jurubeba, esta é bisturi. Sejam amigas.
Esse talvez tenha sido o real início da amizade que salta a correria da vida como se fosse um montão de poças d'água, de modo a, mesmo nos vendo pouco, manter sempre tudo como um passeio legal. Vida que une as pessoas afins por diferentes eventos ou pessoas afins que se unem em face dos eventos que a vida nos dá? Taí um tostines, pra passar geléia no café da manhã (para o qual já me atraso).
Fato é que, desde então, essa menina que adora boa música (ê, hoodoo gurus), boa literatura (ê, leminski), enfim, que gosta das boas coisas, essa menina virou minha amigona.
Talvez o perdão ao meu falho cerebelo, por não ter telefonado no dia exato, possa advir da minha lembrança seis dias antes, ou do salvo-conduto sempre utilizado, por não ter parabenizado, no dia, só no dia, os meus pais pelas suas bodas de prata.
Seja como for, recebe os meus parabéns, bisturi, com desejo de muitos momentos felizes, hoje e sempre.
Madureira.

2 comentários:

Vica disse...

Lindo esse post.

Anônimo disse...

Belo texto!
ASS:a sumida que não queria ser anônima mas não teve outra alternativa