06/06/2008

Às Oito e Meeeiiiia da Noite

E em sorte, você acredita? Claro! Claro que sim, porque, para mim, tem a ver com sensibilidade e às vezes sorte significa você entender sinais que parecem de azar, né? Tem dia que acontecem umas coisas, você diz: “Porra! Hoje acordei com o pé esquerdo”. E não: pode ser que ali tenha alguma coisa que te indique que seus planos merecem uma outra olhada. Nesse sentido eu gosto de pensar em sorte. Nunca joguei na loteria. Olho e falo: “Deixa ver para onde meu pé esquerdo quer me levar”. Se você ficar batendo no direito, pode se dar mal, né? Se você der uma chance para entender os sinais… Não sei se estou sendo muito Paulo Coelho… [risos]. Na verdade, meu mestre nesse assunto é o Spielberg!

Hein? Sabe a cena do cara com a espada, no Caçadores da arca perdida? A história dessa cena é um aprendizado pra minha vida. Naquele programa Inside the Actors Studio, perguntaram: “Spielberg, o que mais te aborrece numa filmagem?”. Ele: “A não-existência do acaso”. Porque o Spielberg chegou a um nível em que não acontece mais acaso. Todos os planos estão feitos. Aí ele falou: “Sou louco para acontecer um acaso: o acaso me obriga a ser criativo”. Aí está lá preparando a cena mais cara do filme, uma feira no deserto, 2 mil figurantes, todo mundo maquiado e tal, e o Indiana ia lutar com 200 neguinhos, derrubar, quebrar, pular... Toca o telefone do Spielberg: “Mister Ford está com febre e não vai filmar”. E o produtor: “Não! Porra! Caralho! A cena mais cara do filme!”. E o Spielberg: “Peraí!”. Adorou esse negócio, né? “Deixa eu pensar.” Ficou matutando, falou: “Pô! Mas eu tinha que fazer uma cena em que o cara ia lutar com 200 caras até ele matar um sujeito que faz mil coisas com as espadas... E se ele tirar o revólver e ‘pá?!’”. Nisso, os técnicos todos morreram de rir. Ele ligou pro Harrison: “Quanto tempo você fica de pé?”. “Quinze minutos.” Aí fizeram a cena... que antes não existia.

Ótima entrevista do Marcelo TAS para a TRIP. Até de ayahuasca (onde? qdo?) ele fala.

Nenhum comentário: