Era pra ser e-mail resposta, mas vira post.
Tem um escritorião em são paulo por cuja frente eu gosto de passar. Assim como gosto de ouvir seu nome na TV e ler nos jornais. Porque imediatamente vem-me à mente um certo trabalho de processo penal, no último ano da faculdade. Fomos três pessoas à 4ª DP fazer um relatório, ou sei lá o quê. A terceira pessoa nem lembro quem é, mas lembro bem que a menina parecia estar no Hopi Hari. Ela vibrava com cada possibilidade, cada fatozinho, nem se importava com a espera e com o mau tratamento dado a nós. Eu só pensava em ir pra casa, são quase onze e eu vou me ferrar. Aliás, ferro pra mim era já estar numa delegacia; o que me atenuava a aporrinhação era a garra da minha amiga.
Hoje a felicidade foi ainda maior ao reparar no timbre do escritorião e ver o bonito sobrenome da minha amiga lá (a recorrente cena da delegacia, óbvio, se instalou). O e-mail tratava do triste e revoltante fato cometido pelos 300 picaretas, do qual fiquei sabendo pela TV. Por um quarto de segundo fiquei preocupado, pois minha amiga poderia estar lá, mas no quarto seguinte eu lembrei que eles são feras e dariam conta de 300.000 picaretas, se preciso fosse, pois portam sempre as armas mais potentes, quando se sabe manejá-las e fazê-las disparar - o que é seu caso: a Constituição e as leis penais e processuais penais.
E mesmo se assim não fosse, ainda na época da faculdade essa minha amiga já tinha dado mostra do que seria hoje, quando discutia firmemente com nosso professor-órgão-de-acusação ou quando meteu o pé no vão da porta pra forçar a justa entrada, ao serem ela e outra colega impedidas por um professor picareta.
Pelo que entendi, minha amiga não estava presente, mas pelo quanto a conheço, cada palavra e gesto dos picaretas causaram-lhe a mesma raiva e indignação se lá estivesse.
Bom, isso era pra ser só os preliminarmeinte, eu estou muito irritado com os picaretas e com a parte-platéia-de-circo da população que endossa suas atitudes ignorantes e despóticas, razão pela qual todos seriam devidamente xingados aqui. Mas vai ficar pra outra hora. Digo apenas que, sem xingamentos, minha opinião seria cópia do artigo que me foi mandado. Enfim, continuo numa resposta de e-mail, talvez noutro post, talvez numa mesa de bar, o bar do irmão dela, quem sabe, a combinar (porque eu preciso desbastar a minha pecha de ausente nas confraternizações).
Adianto apenas minha esperança num dia em que todos os advogados voltem a fazer valer com firmeza as suas prerrogativas, ato essencial à democracia e ao fortalecimento das instituições republicanas (inclusive a ocupada pelos picaretas) e condição que um dia deu prestígio e confiança à nossa classe, em toda a população - platéia de circo ou não.
Hoje fica sendo só um post-dação-de-bom-dia pra minha amiga bisturi madureira amarelo.
14/09/2005
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