09/06/2005

Lula, nós também estamos chorando

O deputado Roberto “Homem-Bomba” Jefferson disse que Lula chorou quando ficou sabendo do “mensalão” no seu governo. Lula chorar é uma coisa muito esquisita para nós que o vemos apenas como um ex-operário, um sindicalista e um eterno candidato à Presidência que chegou lá.
Barbudo, ex-comunista, os mais velhos detestam Lula. A direita também o odiaria, se ele não estivesse no poder, e nos estranharia muito essa aliança que ele fez com PTB, PL, PP e PMDB se não soubéssemos que o PT já não é mais ou mesmo, se é que algum dia ele já foi diferente dos outros partidos. Se a esquerda atacava Fernando Henrique por ter o PFL ao seu lado, Lula tem Roberto Jefferson, famoso por liderar a “tropa de choque” de Fernando Collor. E tem ainda, Sarney, Quércia, Maluf... Na política externa, mandou tropas para o Haiti, para ganhar moral no Conselho de Segurança da ONU, aqueles mesmos que destroçaram a Bósnia, os tais capacetes azuis.
Este é o papel da esquerda? Quem chora e não mama é, no mínimo, omisso ou cúmplice. Este tipo de acontecimento só aumenta a sensação de que político é tudo igual, péssimo para a credibilidade do sistema democrático, diriam os otimistas, como se existisse democracia no andar de baixo.
Desemprego, juros altos, banqueiros faturando como nunca, corrupção... É de chorar mesmo, presidente. Nós também estamos chorando.

Simplesmente, um luxo

Toda renda mensal da favela vizinha à nova Daslu, na Vila Olímpia, daria para comprar duas calças jeans de uma tal marca na butique. A desigualdade faz o luxo.

Mutasom

Em Bauru, Campinas, Ribeirão Preto ou São Carlos, qualquer festa de república ou DCE, com várias bandas: pelo menos uma, quando não todas, usa elementos regionais no som. A mutação está inoculada.

Fabiano Alcântara é jornalista, músico e integrante do Coletivo Samacô.

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