23/11/2005

Momento Julia, Bianca e demais almanaquinhos que vendem no asilo de atibaia.

A nossa música era "o erê", do, caceta, fugiu o nome, do, tô com raça negra na cabeça, vou cantar pra ver se lembro: "pra entendeer o erê...", meu, tô com alzheimer, será que vou ter que googlear? CIDADE NEGRA! Sem googlear. Vamos recomeçar o post.
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A nossa música era "o erê", do cidade negra. Eu não soube ver os sinais, ô musiquinha chata, paciência.
Vou fazer o preâmbulo que é maior que a história:
Tudo começou quando meu amigo americano para-quedista belicoso resolveu me dar uma espingarda. Fomos até a casa dele, ele me deu uma espingarda de chumbinho, está em casa até hoje, o vizinho empresta às vezes pra matar raposa e custa a devolver. Mas Kenny, disse eu: se eu for pra atibas de buzão com esse cano de espingarda saindo da mochila, terei problemas. Então ele falou: boa, tô sem nada pra fazer, vamos pra atibas de carro, a gente zoa lá. Magavilha. Quando vc ficava contente com uma idéia boa, ele vinha com outra melhor ainda, em seguida: seguinte, tô saindo com uma menina mó lindinha, ela tem uma irmã. Vamos passar na casa delas, vê se elas vão pra atibas com a gente, levar sua espingarda, daí a gente zoa lá.
Chegamos no prédio da menina, ela era vizinha minha. Lindinha. Chegou a irmã: vesguinha. E chatinha. Propusemos, aceitaram. Chegamos em atibas, deixei a espingarda no quarto e elas pensaram que sou rico, pois a casa do meu pai é grande. Saímos. Baladinha chata como a vesguinha. Que não deu a menor pelota pra mim. Em todo caso, a lindinha do kenny ficou me olhando a noite inteira.
Cara, eu realmente tô com alzheimer. Eu já fiz um post dessa história. De modos que só vai o preâmbulo. Putz, mas o preâmbulo (imaginei um preá perambulando) sozinho é ridículo. Ja´sei, to ligando pro bronza, nesse exato momento, desliguei e ele me falou que eu não fiz o post.
Dois meses depois, eu estudando na república, toca o telefone: madureira? é a lindinha, irmã da vesguinha. Vem aqui em casa? Era o segundo sinal que eu, querendo ser cego, não percebi. Nenhuma menina lindinha te liga pra vc ir pra casa dela no meio da tarde pq ela tá sozinha. Pelo menos pra mim não. Mas eu fui. Antes liguei pro americano, que liberou geral, vez que já voltara pra sua ex. "pra entendeeer, o erê...", assobiava eu, até chegar no apto. E assim saímos algumas vezes, bacaninha, coisa e tal´, até que um dia cheguei e ela: não vou ficar com vc hoje, madureira. Mas pq? Não, a gente tem que dar um rumo na nossa vida (gelei), isso não tá certo. Acreditem, madureiras, essa menina não pensaria exatamente em dar um rumo afetivo à nossa vida. Ela foi levar a espingarda comigo, vejam bem! Daí eu dei meia volta, triste. Dia seguinte ela me ligou novamente: vem que eu tô sozinha! e regulou de novo. Dei meia volta, triste. Terceiro dia: vem que eu tô sozinha! mas aí blz. E tão blz que combinamos de sair naquela noite, tb. Mas a vesguinha ia junto. Eu tinha dois problemas: arrumar um par pra vesguinha e arrumar um meio de locomoção.
Gente, preciso informar que só aqui acabou o preâmbulo (preás perambulando, eu gostei, tá bom?).
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É bom ser legal com as pessoas, pq daí as pessoas querem ser suas amigas. E, além do americano, eram divisores de república o golb, já um homem sério e o... chamemo-no de billy the milk.
Billy the milk, vem cá, sabe a menininha da espingarda? do erê? isso, vou sair com ela hoje e vc vai junto, pq ela tem uma irmã que tá sozinha (omiti as qualidades de vesguinha e chatinha). Ele topou. Mas tem um porém, entretanto, billy. Não temos carro. Quero levá-las ao venice (sim, sou velho) e é longe. Tudo era mais tranqüilo naquela época, já pegáramos carona com o tiozinho da van do cachorro quente, na volta, sem dinheiro pra táxi que éramos, justamente numa baladinha no venice.
Minuto e meio depois, billy the milk já acertara o comodato do corsinha da dani, iríamos motorizados naquele dia.
Concentração na casa das meninas, bebidinha, a lindinha já ficou altinha e a vesguinha já ficou chatinha.
Chegamos ao venice, a lindinha surtou de novo, não ia ficar comigo, depois de ter dançado um montão e bebido às minhas custas. A vesguinha já era surtada, nem olhou pro billy. Pior, a lindinha bêbada começou a dançar que nem puta e eu fiquei puto de raiva. Billy, temos que fazer algo: vai pegar o carro, vou pagando as comandas, estou com a comanda delas, vamos sair e deixá-las aqui, pra elas se foderem (sim, eu sou mau). Ele topou, o Billy sempre topava. E foi. E eu paguei. E elas perceberam. E ela me pediu perdão com aquela carinha lindinha. E eu, bêbado e trouxa, aceitei. E ficamos juntos. E quase perdi um amigo, de tanta raiva que o billy ficou. Encostou o carro na rua, voltou e ficou olhando pro lado oposto ao da vesguinha, mudo de raiva.
Até que fomos embora. Eu totalmente bêbado e feliz. Ela totalmente bêbada e dormindo. A vesguinha totalmente muda e chatinha. O Billy totalmente mudo e irado.
Até que eu sinto a menina dar um pulo e fazer aquele som característico com a boca fechada, de quem vai gorfar. Eu entrei em pânico e não conseguia falar, só cutucava o billy e ele: que foi madureira? que foi madureira? eu eu cutucando, até que berrei: PAAAAAAAAAARAAAAAAAAAA O CAAAAAAAAARRO QUE A MENINA VAI VOMITAR!
E ela assim o fez. Na lateral do carro, no banco, no braço do billy, respingou no cabelo do billy. Fração interminável de segundo em silêncio, veio a segunda gorfada, chuaaaaaa, ela mandou ver dentro da própria bolsa. E o billy começou a gritar de raiva. Gritava coisas desconexas, maldizia, xingava, praguejava. Parou no meio da Rebouças, a menina deu a terceira, a quarta e a quinta gorfada na frente da loja de noivas.
A cena ficou assim: a vesguinha tentando levantar a irmã; a lindinha chorando de vergonha e dizendo que jamais entraria naquele carro; eu não conseguia me controlar de tanto rir, chorava e gargalhava alto; o billy já não conseguia falar, ele só tremia de raiva com as mãos no volante.
Estávamos com um problema. O carro da dani todinho vomitado.
Descemos a consolação. Na esquina da Maria Antônia, um farol. E um carro parado. E a nossa situação continuava. Até que a moça do carro da frente sai do carro e começa a xingar o motorista e vem subindo a pé. A gente a uns dez metros do carro. E o motorista começou a xingar a moça. E começou a dar ré. E a moça subindo. A gente começou a falar baixinho: não... E o cara subindo. E a gente mais alto: Não!!! E o cara subindo... A gente desesperado: NAAAAAAAAAAOOOO!!!
Em seguida, só o barulho da batida. E o Billy não conseguia mais gritar de raiva, ele ia ter um colapso. O cara da frente fugiu. O sinal abriu. Ele arrancou e foi a uns noventa por hora até chegar na frente da casa das meninas.
E então a lindinha mostrou a sua magnanimidade: pediu desculpas, abriu a bolsa, tirou uma nota de dez reais e deu pro billy the milk lavar o carro no posto. Na minha memória, o billy chorou, nessa hora. E ao olhar para a nota de dez na palma de sua mão, pode notar vários pedacinhos de maçã escorrendo.

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