20/11/2005

Uma semana no meu desktop Muhamed Ali na capa da Squire feito São Sebastião, talvez uma homenagem ao Rio de Janeiro ou eu mesmo flechado pelo que eu era e o que eu me tornei. Quando eu era bonito, antes de ficar corcunda, estrábico e barrigudo, eu não fazia a menor idéia de que a beleza poderia me trazer pelo menos um pouco de dinheiro e sexo.
Não é uma tempestade em copo d'água é uma gota no copo cheio de mágoa. O silêncio e a solidão são as vias régias para o ódio. Pioro a cada dia.
Este é o ano dos reencontros comigo, o conto do Borges, em toda praça que vou estou sentado e me encontro. Talvez fosse um Dorian Gray, mas as marcas estão todas aqui, nos olhos semi-cerrados, nos dentes amarelos, nas dobras na barriga, na impossibilidade de comer direito, a falta de desejos.
Faz uns dias estou colando trapos no lugar do coração.
Se me quer inteiro não vai ter, estou assim, talvez para sempre. No lapso de treze anos quase nada aconteceu. Seis namoradas, dois empregos, travessias com anjos e OVNIs pela Espanha, sonhos despetalados... e a música tantas vezes me salva e me joga no inferno. Sou eu.

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