19/08/2007

Pra que a pressa?

Existem umas pessoas na minha vida que são intrigantemente próximas. Intrigantes porque quase não as vejo fisicamente, nesse liquidificador contemporâneo de cuja lâmina cuidamos em primeiro lugar de escapar. Girava eu uma tarde dessas, ingrediente de uma sopa nadando em meio a peças, monografias, providências corriqueiras, quando uma dessas pessoas me ligou. Surpresa e felicidade ao ouvir a voz pouco usual do outro lado foi o que senti, antes do ultimato recebido para assistir a um determinado filme. A razão: além de muito bom, tinha tudo a ver comigo. Pula.
Hoje num dia especialmente calmo e feliz, miseme e eu fomos assistir a este filme. Eu não sei se a minha amiga do peito contou, ou não, um pouco da história, fato é que eu havia esquecido totalmente.
E desde a primeira cena foi assustador, estranho e delicioso eu ver minha vida recente sendo contada pra mim mesmo, numa tela de cinema. Desde aquela hora até este momento eu venho agradecendo pela sensibilidade dessa minha amiga e a generosidade de ter me ligado para o ultimato.
Talvez esse filme seja mais um Terra dos Homens, que canso de presentear as pessoas, na intenção de que cause nelas o assombro com que me impressionou (o melhor livro já lido, seguido por um nariz pela Macondo dos Buendía), até agora em vão. Talvez se um de vcs assistirem, digam que seja bonzinho e tal, mas fato é que, pelo momento; por este domingo tranqüilo e bom; por ter-me proporcionado enxergar os últimos acontecimentos da minha vida na pele de um judeu-cristão-argentino, nas palavras do personagem principal; por muitos outros fatores que a euforia me impede de escrever, eu digo que este é um dos melhores filmes que já vi.
Bisturi, se vc viu essa similitude toda, desde o início do filme, acredite: tem muito mais. Repetindo o termo, pela sua adequação, foi assustador ver Ariel Perelman repetir os meus atos, olhares e gestos, de abril pra cá. Coisas que eu disse, pensamentos, medos. Pode ser até uma coisa meio universal, todos façam o que fizemos. Mas que isso é louco, é. Certo é que vou reassistir e, se der, ter esse filme aqui em casa, porque minha sensação é a de que existem muito mais detalhes e nuances pra eu refletir. Estou pasmo. E feliz. Recebe aí o meu abração que te envio às 20:53 h de um domingo sereno e gostoso, melhorado pela sua sugestão. E tchau procês.