02/04/2008

satori 5 sonho em pau-a-pixel

uma borboleta laranja
descansa na mata

pronta pra voar

reflexos
na marquise de um bar
flash
nos prédios, postes, faróis
o asfalto pintado de vermelho
um espelho feito de água

cai uma estrela
e você tem direito a um desejo
cada pinta na pele branca
é um jorro de luz que
faísca dos seus olhos despertos

em paz
crianças lindas
em um mundo melhor

o sol
e o tempo
além da memória

tudo que será já é
e tudo que é já foi

10 comentários:

Vica disse...

Bah, tchê, tu escreve muito bem.

Madureira disse...

eu gostei muitíssimo. mas agora eu vou além. antes de ler, gostei pq é um poema do ferreirinha. isso só de bater o olho, pela forma que os versos fizeram, fica fininho na tela. isso ativou lembranças boas de outros poemas, feitos pelo ferreirinha, daí a sensação boa. deduzi que fosse do ferreirinha, pq a bisturi poeta muito pouco e o golb tem vergonha de poetar aqui, bobão. se o golb fizer um poema aqui, com seriedade, eu faço um post por dia durante três meses seguidos nesse blog. pronto, agora que ele não poeta mesmo.
esse poema é do jeito que o mané jogava bola. ele era tão bom quanto o bronza, mas zoava mais. e o forte de ele jogando futebol era a alternância entre movimento e parada, com isso driblava fácil (tirando a bebeta, que tb era marca registrada, que o golb copiou [kidding, kidding]). a borboleta laranja ela tá parada e o manezim pula uma linha pra dizer que ela tá pronta pra voar. isso dá força ao verso, parece que a gente enxerga a borboleta preparada pra levantar vôo mesmo. mestre. parece ele parando um segundo no ar pra dar a bebeta.
aí ele muda pra outra cena do filme e separa as palavras reflexos e flash. isso as deixa grandes, garrafais como diria a zappa, embora o tipo seja o mesmo.
depois tudo junto, sem verbo, prédios, postes, faróis. ele conduz a nossa mente pra confusão artificial da cidade. condensada.
o asfalto pintado de vermelho pode realmente ser um flash, mas tudo que for pintado de vermelho remete às unhas de uma mulher, embora isso possa ser viagem do leitor.
espelho d'água seria legal, mas manezim cavoca a imagem e diz que é só água. e o espelho? o espelho é 'feito' de água, ele explica. isso aqui dentro da poesia virou pra mim aquela obra-prima do cartier bresson, "o instante decisivo", procura no google pra ver de novo. em toda essa estrofe, nenhum verbo, tudo estático, será que a borboleta já voou? será que do espelho eu consigo vê-la?
só que daí vem todo o movimento, na hora da estrela cair, um brinde à clarice.
tem coisa melhor do que contar pintas na pele branca da menina? e o que une o direito que dá a estrela, dessa pele branca? a palavra desejo. desejo de um jorro de luz que faísca como a estrela. como a estrela. e o desejo não é sonho, os olhos estão despertos.
aí vem o alheamento. o olhar o filme da vida. a paz, a pureza das crianças, a utopia.
crianças lindas em um mundo melhor. alguém as imagina quietas? movimento plácido e daí vem o sol
separado do tempo
separado do além da memória, a correria feliz vira estátua aos poucos, em três versos.
medo que dá na gente o tempo além da memória, eu virei uma formiga.
aí de repente eu lembro da borboleta, foda-se o clichê (que não tá no texto, tá em mim), eu adoro roliú, borboleta pra mim é sim transformação e lembro dela pelo movimento supremo, tudo que será já é e tudo que é já foi. essa frase eu quero guardar no bolso do colete imaginário. e por tudo isso eu quero que o manezim tenha mais que um bom dia.

Anônimo disse...

Já assistiu a ópera Madame Butterfly?
Uma poesia sobre a transformação do amor.

Golb: aceite o desafio...

Veve

Madureira disse...

e o desafio é sério.

Anônimo disse...

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fabianoalcantara disse...

lendo isso eu fico emocionado

e tenho vontade de mostrar pra garota para quem esse poema foi escrito

se eu fosse bom igual o madureira fala, eu tava feito

mas talvez amigo seja pra isso

momento emo

amo vc!

e amo vcs sete leitores!

andrea dutra disse...

adorei o final. já foi, já é

Anônimo disse...

borboletearam? Ou amarelaram?
ass: Veve

Daniel disse...

Golb cagão.

Anônimo disse...

NA ESPERA