13/06/2008

Ei-lo.

De três palavras eu jamais conseguirei guardar o significado. Faço uma idéia meio nevoenta e acabo nunca usando numa frase, de medo de errar. Idiossincrasia, uma outra que me fugiu agora e, por fim, tantra. Tantra, na minha incultura, tem um quê de sacanagem socialmente consentida, porque ancestral e tal. E lá fomos, irmanados, golb, juruba, miseme e eu, pro casamento da Bisturi, no espaço... tantra. E, curiosos, chegamos a um lugar absolutamente aconchegante, bonito e muito, muito, cheiroso. Uns perfumes e umas flores e uma decoração que te trazem prazer quase sem vc perceber- e parece que isso tem indiretamente a ver com tantra (falando em decoração, eu to ficando meio velho: fico reparando nas orquídeas, pena que esqueci de levar o vasinho pra casa, como manda a tradição legada pelas nossas tias avós).
Eu não vou contar tudo, porque o tudo nesse caso é muito-muito-mesmo. Porque esse casório foi extremamente sensorial. É como se a bisturi e o otoscópio (pseudônimo provisório pro noivo, pra ornar) tivessem preparado uma lista de convidados e, olhando sobranceiros para ela, decretassem: - são pessoas boas! cuidemos, pois, muito bem delas todas, durante as horas que lá estiverem. Faça-se!
Sei que provei de tudo, cara bisturi. Destaque para o aturdimento que causou o caldo de barbatana de tubarão. Uhu, altamente tântrico e idiossincrático e... (adjetivo da terceira palavra, fugidia).
Aí eu vejo o bigode do golb pulando de susto. Era o gongo ali da entrada, que soou. Ni qui soou, abriu-se a porta e vem um sorriso com vestido e tiara vermelhos, dando a mão pra linda e simpática menininha que é a filha do otoscópio. O sorriso de cabelão preto veio pisando em pétalas de rosa e veio leve, plena e foi engolida pela multidão feliz, tudo sob a música que não cansa de tocar no meu carro essa semana. Que música é essa, bisturi, tão boa de ouvir?
Eu perdi a cena que adoro, que é a dos noivos na cadeira dançante, pq estávamos sentados perto da entrada (quero ver no filme, depois). Mas qdo soube que perdi, decidi que não perderia mais nada. De fato, bastou tocar a salsa, fomos voando pra perto da pista, fazendo rolamentos por cima de narguilés, devolvendo algumas orquídeas pro centro da mesa que algumas tias avós afoitas já faziam menção de afanar, de modo que pude assistir (e quem não assistiu, tem no youtube) à apresentação! Lembrei de qdo em priscas eras fui te assistir dançar flamenco, recorda?
E assim foi. A cada vez que vc pensava estar numa festa convencional, pulava o bigode do golb novamente, pois o gongo indicava que a moça tchutchuca ia subir nas tiras de pano (não sei o nome disso) até chegar perto do teto e lá ia se enrolar a girar dançando e enlevando todo mundo. E dále gongo, vinha a malabarista com fogo. E vinha dança do frente, com tchutchuca mais tchutchuca que a moça das tiras de pano. O golb se impressionou com o tamanho da cobra da moça da dança do ventre. E vinham aqueles ingredientes todos (comi tubarão e javali!), que vc punha cru na cumbuca e os moços cozinhavam na chapa. (Coisa feia foi o golb querer surrupiar o alimento da convidada desconhecida, mas felizmente nada de grave aconteceu). E vinha rita lee cover (preciso que vc me conte essa história, bisturi, da rita lee de verdade!). E veio todo o carinho que a gente sentiu que vcs puseram no ar, junto com os perfumes.
Quanta coisa que veio, post viraria novela, mais que conto, pra dizer.
Mas teve o filme! O filme tem que contar. Ele é muito mais do que a gente pensou, rapaziada. Cada verso da música tem relação com a foto, quem mandou vcs não fazerem curso de inglês decente...
O filme foi simultaneamente traduzido no caminho da volta, por quatro pessoas absolutamente desconexas com o idioma bretão. Quatro pessoas, porém, muito felizes e definitivamente conectadas com aquele sorrisão, que juntou com o sorriso do otoscópio e vão permanecer girando e girando, ao som da salsa e tantra, pra sempre amém!

2 comentários:

Bisturi Amarelo disse...

Este sorrisão, que agora está ornado com lágrimas (dessas felizes), só tem a dizer que a maior riqueza da gente são os amigos e a família. E como os amigos são a família que a gente escolhe, sou duplamente rica, porque vocês são valiosíssimos!!!
Sinto uma felicidade enorme, imensa, e uma recompensa por termos conseguido, de algum modo, abraçar vocês! O abraço não foi o cheiro das orquídeas nem a engolidora de fogo, foi o amor e a energia que queríamos, e pelo jeito conseguimos, colocar naquilo tudo.

Madureira disse...

vcs são bons nisso!!! beijão pra ti.