26/07/2005

Este post causar-me-á remorso, bem sei...

... mas não posso evitá-lo! Sexta série, nalguma fria manhã de agosto atibaiense, eu levanto feliz da vida, sem ter dormido à noite. Pela primeira vez, o esquadrão de basquete pré-mirim do EEPG José Alvim defenderia suas cores perante uma equipe de Socorro, Help, Help City, berço dos meus genes, quem me conhece sabe. Do jogo, pouco me lembro, a não ser que nossos números eram escritos a caneta bic nos braços, que, quando fazíamos faltas, eram erguidos tal qual o do ronaldinho, nos tempos da cicarelli. Por falar em falta, o time adversário logo encontrou uma diversão extra: fazê-las em mim, quando eu arremessasse, pois eu não tinha força pra que a bola alcançasse o aro, da linha de lance livre, sem invadir o garrafão. Lembro também que meu primo jogava por Socorro e não deixou que o fato fosse ignorado por toda minha família, posteriormente.
mas o cerne do post é outro. horas antes do grande jogo, esperávamos com a expectativa máxima pelo nosso ônibus, estávamos todos, eu disse todos, exultantes, confiantes, extremamente felizes por jogarmos fora pela primeira vez.
Daí vira a esquina uma kombi velha. Tentamos ignorá-la, mas quem a dirigia era o Lasanha, nosso professor de educação física. Ele foi fazendo a chamada: Huguinho! Huguinho pra dentro da kombi. Zezinho! Zezinho pra dentro da kombi. Luizinho! Luizinho pra dentro da kombi. Madureira! Upalalá, lá ia eu. E assim, o vazio da praça josé alvim ia-se fazendo inversamente proporcional ao da kombi. Até que sobrou um. O motivo do post.
Já está me dando remorso, mas serei bravo. O professor vira pro moleque e diz: pode voltar pra casa, não cabe mais.
Gente, eu nunca vou ver uma cara de decepção tão grave como aquela. Até nós, da sexta série, sádicos por natureza, compungimo-nos e insistimos pra apertar um pouquinho mais. Imaginem: o rapazinho voltando pela calçada, chorando. A kombi lotada com a molecada berrando pra ele subir. O professor sentindo-se o mais ínfimo dos seres. E o moleque nada de subir.
Até que por fim subiu, jogou, perdeu e vivemos todos felizes para sempre.
Dezoito anos depois, nalguma fria manhã de julho paulistana, abro minha caixa de e-mails e vejo que um rapaz pediu pra adicioná-lo no orkut. Junior Berdinazzi (nome fictício). Não reconheci o cara. Fui nos amigos dele, ninguém conhecido. Nas comunidades, nenhuma pista. Só sabia que ele era da mesma cidade que eu. Como acordei bonzinho, adicionei. E agora há pouco ele me manda um e-mail. O cara sabe tudo sobre a minha vida, pede pra responder, pra trocarmos idéias, e agora??? Até que a Super Dani me salvou! Ao contar-lhe o episódio, colei o e-mail e percebi que o cara o assinava: Pláucio (viva a ficção). Deve doer o ouvido do cara, cada vez que o chamam de Pláucio, a ponto de assinar Junior Berdinazzi. Mas pelo menos o arremesso dele alcançava o aro. Valeu, meninona!

Nenhum comentário: