19/08/2005

Cotidiano com o madura - início da série

Dúvidas, reflexões, convicções e raivas que jamais fariam um dólar subir.

Madura dando aula à noite:
- Então é isso, os pedidos incompat... putz! Vc está gravando toda a bobajada que eu falo, querida aluna?
- Não, professor, eu vou parando, só volto a gravar quando as bobagens terminam.
- Ah.

Madura dando a mesma aula, uma hora e meia depois:
- Vcs percebem que é importante eu passar a experiência profissional pra ilustrar a matéria, quando houver relação entre elas?
- Sim, professor, o que eu acho mais legal é que outros professores que comentam só falam as vitórias, os sucessos, o senhor fala as cagadas que o senhor faz, também.
- Ah.

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A violência grassa na urbe cosmopolita, derivada da desintegração dos valores familiares, somada à cultura consumista concomitante à péssima distribuição de renda, atingindo os cidadãos nas mais insuspeitas situações, a qualquer hora, em qualquer local. Dentre os inúmeros reflexos, o mais visível consiste na relação interpessoal frenética que se observa no caótico trânsito de veículos, da qual podemos extrair o exemplo concreto de uma longa buzinada, a ser exercitada tanto por uma dengosa vovó, quanto por um psicopata militarista. Assim, sigam o bom conselho do madura: se for pra mandar o buzinador tomar no fiote com o dedo, faça-o após o dito ter embicado para o outro lado da esquina.

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Existe alguma maneira de responder à questão "Cartão mais, senhor?" no pão de açúcar, sem parecer que vc suplica desculpas por ainda não possuir o bálsamo para todas as suas preocupações financeiras?

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Eu sabia!!!
Instalaram-se eclusas para veículos, na entrada e saída de meu prédio, por insistência deste subscritor. O morador abre o primeiro portão, o porteiro abre o segundo. Criou-se um código secreto, pelo qual o porteiro, da guarita, lança a frase: sua identificação, senhor; e vc tem que responder de uma determinada maneira. Se vc estiver dominado por um bandido escondido, vc responde de um jeito um pouquinho diferente e ele aciona a central de segurança.
Semanas vêm passando em que todos os dias eu respondo: madureira do setenta e um. Percebo que o porteiro não presta a menor atenção e às vezes desliga antes de eu terminar o código.

Até que chega essa manhã, passo o primeiro portão com o michael jay e aguardo no interfone, até vir:
- sua identificação, senhor.
- vc é que soltou um pum?
- obrigado, senhor, tenha um bom dia (barulho do segundo portão se abrindo).

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