20/08/2005

Do be-bop ao doo-bop

Nu-jazz, broken beats, nu-soul, groovy sounds, future jazz, deep bossa. DJs do coletivo São Paulo Jazz Rebels apostam nas batidas diferentes para conquistar espaço, formar público e mercado

No século 20, o jazz negro revelou-se a primeira música de pista. Ao cair no gosto dos brancos, quebrou barreiras sociais e dominou a nascente indústria de discos até o surgimento do rock, nos anos 50. Depois disso e até os nossos dias, a liberdade proporcionada pelo estilo levou a música para uma evolução nunca vista, seja no lado espiritual, com o caminho trilhado por John Coltrane e o free-jazz, ou nas fusões de Miles Davis, que deixou como último legado o doo-bop, no qual mergulhou no hip hop. Esta herança, inspira o coletivo de DJs São Paulo Jazz Rebels, que reúne Tim Adams, Dudão Melo, Bruno E, Tahira, Rafael Moraes, Alê Reis e Pri Bertucci. Sem buscar o hype e colocando a música em primeiro lugar, suas festas são cada vez mais notadas e atraem gente de todo tipo.
"Tenho quase 15 anos de carreira e para mim o mais legal desta cena é a mistura de público. Você vê negros, brancos, gays, héteros, meninos, meninas, todo mundo se abrindo para as sonoridades diferentes", afirma Bruno E. O DJ Rafael Moraes, conhecido por apresentar o programa de rádio "Beats Eldorado", concorda: "Eu chego em casa satisfeito depois de tocar, se por meio da música nós conseguirmos unir as pessoas vai ter valido a pena".
Fora do Brasil, a cena paulistana também começa a chamar atenção. O Nomumbah, por exemplo, assinou com a Youruba Records, do produtor Onsulade. O projeto de Alê Reis, Rafael Moraes e André Torquato emplacou "Tudo que Você Podia Ser", remix de Lô Borges, na coletânea "Ibara - River Crossing", lançada em julho deste ano.
Responsável pelo selo SambaLoco, que apresentou Marky e Patife para o mundo, o DJ e produtor Bruno E enveredou pelo caminho do nu-jazz após tomar contato com a cena londrina. Hoje, assina remixes para grupos de broken beats como Intuit ("Criança das Ondas", com Airto Moreira e Flora Purim) e Silhoette Brown ("Spread That"). Aqui no Brasil, Bruno lançou recentemente dois álbuns "Alma Sessions" e "Superjazz, Nova Vida vol. 2", ambos pela Trama. O produtor e seu parceiro Dudão Melo são responsáveis por uma das primeiras noites da cena, a Superjazz, no Sarajevo Bar, famosa por abrir espaço para outros DJs e grupos da cena. "Nossa estratégia é a união, não somos famosos, não temos agência, o principal é que temos amor pela música", sintetiza Dudão. Mais que uma moda, a música com alma é uma missão.

http://www.nujazzproductions.com
http://www.kizum.com.br/
http://www.futurecorporation.com.br
http://www.eletronicbrasil.com.br/superjazz


PLAYLIST DE RAFAEL MORAES E ALÊ (NOMUMBAH)

"What's the Number", Ian Pooley (Jazzanova Remix)
"Lost Tracks", Needs
"Hands", Agent K
"High Jazz", Trüby Trio
"You Can Do It, Nuyorican Soul
"Wonderland", Alexander Hope
"Mahogany Brown", Moodyman
"Beau mot Plage", Isoleé (Freeform Reform Remix)
"The Deep", Onsunlade
"French Kiss", Lil Louis

Nenhum comentário: