09/11/2005

No segundo dia, acordarei cedo cedo cedo;
-levarei a tiracolo minha câmera, minha bússola, meus óculos escuros e minha mulher;
-deixarei a bússola na mesa no último instante, porque faria peso e minha mulher já me é o norte;
-tomarei café colonial nalgum hotelzão;
-conhecerei um museu;
-espiarei uma exposição;
-pechincharei e conseqüentemente xingarei coreanos;
-comprarei coisas tão variadas e bacanas quanto inúteis;
-sentarei num banco do centro cultural vergueiro, sim eu chamo errado;
-almoçarei num japonês, ou árabe, desencana, já decidi: almoçarei no RAFUL;
-cheirarei frutas e provarei queijos no mercadão municipal;
-pecarei com uma mordida no lanchão de mortandela pedido pra viagem, antes de guardá-lo na mochila;
-desviarei de sacolas na 25;
-maldirei a ladeira porto geral;
-sentirei a vibração secular, concreta e férrea, caótico-poética do centro velho;
-direi à minha mulher como era tudo aquilo há cem, duzentos e trezentos anos atrás, conforme me contou um livro;
-fuçarei um sebo;
-fuçarei outro sebo;
-encontrarei o livro perfeito;
-tirarei o lanchão da mochila e manda-lo-ei pro peito;
-andarei até o centro novo;
-terei parado antes no viaduto do chá;
-entrarei na galeria do rock;
-comprarei o cd perfeito;
-tomarei o sorvete perfeito;
-pagarei o táxi que me terá levado próximo ao aeroporto;
-subirei até a passarela, conforme determinou Allan, para ver o pôr-do-sol;
-irei até o bar perfeito;
-tomarei o chopp perfeito;
-jantarei num japonês;
-voltarei pra casa exausto, depois de ter beijado e tirado foto a cada hífen inicial;
-tananã;
-dormirei sem culpa.

Pensando melhor, pra isso não precisa necessariamente acontecer o que hoje eu quero que aconteça.

Nenhum comentário: