03/07/2006

1.

Eu estava muito louco e resolvi ir lá fora um pouco. “Tomando um ar“, me perguntou um carinha. “Vai se acostumando, man. Aqui de vez o cérebro frita”, disse ele com sua vozinha meio anasalada e meio sacana. Sarajevo-Kosovo é um dos piores lugares para se ir na vida, um lugar tão imprestável quanto São Paulo. Mas naquela noite eu estava me sentindo em Londres. Fazia tempo em que eu não respirava assim no meio da balada para me acalmar e potencializar as drogas. Lembrei da The Fabric, das janelas onde eu enfiava a cabeça pra captar oxigênio e fazer o MDMA funcionar melhor.
Mas, sinceramente, cocaína é uma merda, a pior coisa para se ouvir música! Na verdade não serve para nada, talvez só pra ficar acordado. Mas me faz muito mal. Smoke a joint!
Com uma camisa da jamaica, um crioulo de uns dois metros dançava embaixo do ventilador. Imaginei ele enfiando a cabeça naquelas pás e fiquei um pouco aflito. Devia ser alguém famoso, porque estava meio que “overeacting”. Fiquei curioso. Olhei seu tênis pra ver se era gringo. Sim. Era muito fácil descobrir um inglês ali olhando os seus tênis. Era um famoso DJ de broken beats.
De volta a São Paulo, quando ando até a esquina me sinto cansado, parece La Paz, com aquela altitude do caralho. Talvez porque eu passe o dia inteiro fumando, meu pulmão e as vias ficam haxixadas.
“Fume mais que é skank”, falei pra garota quando estávamos na pista. Percebi que falava sem parar nos ex-namorados, aquilo me deixou irritado, mostrava toda a fraqueza dela e de como não era uma piranha de primeira. Se fosse não estaria ali para se vingar do panaca que ela havia deixado aquela semana. Uma conferida nos peitos, eram de bom tamanho. Toda de preto, como quase todas aquelas capiaus daquele lugar. Bauru é fenda nômade que vai sugar o meu saco, um buraco negro móvel, “o que você faz?”, ela me pergunta, como temia: “Tenho uma banda pop fracassada e faço matérias por uns trocados”, na verdade não respondi isso porque não tive o “insight”, verdade.
A jacu de preto começa a dar mole, mas não, não quero outra psicóloga, chega de transferência & loucura. Será? Pode ser meu inconsciente me levando a me afastar do que eu mais quero? Uma sombra existencial pra culpar o que não dá certo como deus e o destino. Quando é tudo uma coisa só. O amor de deus equivale ao ódio.

2

Eu analiso as pessoas. E elas são tão óbvias. Todo mundo se comporta igual, por exemplo, nos dias da semana, nas folgas, nos feriados, nas férias. Eu vou me modando ao que tem que ser. Ah, domingo... oh, segunda, e o trabalho, e os free-las, ai desentoca aquele disco. A lua influencia bastante também e não é todo mundo que saca. Eu mesmo não saco porra nenhuma de nada. Você vai me desculpar...
O que você não diz e o que mais diz. Combinar e misturar é a mesma coisa? As palavras diferentes são pra falar coisas diferentes. ô Nelsinho, isso aqui é uma crônica? Lê logo o livro pra ocê explicar, rapai.
Flutuando no silício, tô indo pra onde? Não sei de nada, não senhor, não sei, não sei não... eu mesmo.
Manézinho da Ilha é io meu nome. Escritoptologia falha, rrr, radio neurose nucleose, anh-rã.
- Você tem visto o céu? Você tem olhado pra lua. Aqui em São Paulo mesmo eu ando vendo luzes de ovnis, sabe?
Como você mente, foi a astróloga que você viu na TV, ô ignorante.... dislexxxxx radio.... câmbio...
E desligo a internet toda por três dias e desligo a internet toda por três meses. Simlasabim. Constantinopla, Madagascar.

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