02/07/2006

pra encerrar.

entendi tardiamente a pergunta que meu pai fazia todo jogo, indignado: a quem pertence a seleção? Mais preocupado com a minha torcida ingênua, pra não dizer cretina, eu respondi uma das vezes que pertence a uma pessoa jurídica de direito privado denominada CBF. Não houve réplica, a não ser o sugestivo "é...". É. Que direito tenho eu, vc e todos os outros de esbravejar e se entristecer?
Afaste de mim idéias como 22 caras correndo atrás de uma bola, ou então de que há coisa mais importante pra se preocupar na vida. Não se trata disso. Eu amo futebol. Como torcedor, o futebol faz parte da minha vida.
Mas a seleção do meu país não me pertence. Não pertence a vc, nem a ninguém do olodum, ninguém do anhangabaú, ninguém da apoteose, ninguém além dos dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol.
Minha teoria da conspiração não chega ao ponto do que ando lendo na net. Mas voltando pra casa eu contei pra minha mulher a nítida sensação que tive ao fim do jogo: a de que a maioria dos jogadores foi comprada. O técnico, comprado. A cornualha carioca em volta toda comprada. Gostaria que tivessem sido realmente comprados, pra pelo menos eu achar um motivo plausível para o que não vi nesse último sábado.
Minha vontade é a de enfiar um par de meias bem enroladinho no reto do roberto carlos, pro intestino dele arrumar, na hora do gol. Mas essas vontades são irrelevantes. O sofrimento do povo é irrelevante, a ponto de o daniela mercury da seleção fazer sinal de silêncio, ao ouvir a palavra vergonha, vinda dos torcedores. Aliás, o gesto faz muito sentido, pois eles são sim uns sem-vergonha. Não há limite pra essas pessoas sedizentes jogadores.
Eu realmente não lembro da sensação da perda em 82. Quem lembra me garante que foi uma derrota briosa. Não apenas por haver perdido jogando bonito. Mas por haver perdido jogando com RAÇA, a palavra que faltou na parva boca do Galvão, como bem atentou golb. A derrota de sábado me dói por saber que no banco tínhamos jogadores sérios. Que nos clubes temos jogadores sérios. Que temos técnicos sérios, inclusive ainda na copa. E o que vejo? A mesma empáfia de antes. A fuga da imprensa. A arrogância desmedida. A irritaçãozinha do daniela mercury, mandando fazerem silêncio com o dedinho na boca. E o parreira falando que ainda não decidiu o seu futuro, se continuará ou não na seleção. Por que eu sinto que não haverá outra demissão no aeroporto? Por quê?
Zinedine, parabéns. Vc encerrará sua carreira tendo jogado bonito.
Scolari, parabéns. Vc é um técnico de futebol.
Argentina, parabéns. Vcs perderam honrando sua (detestável) camisa.
A partir de agora, não insistam. Eu não falo mais sobre essa seleção que não me pertence.
Ah sim, exceto dida, lúcio, juan, robinho e demais reservas, mando essa seleção de merda ao seu habitat: "aos cús!"

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